ALFABETIZAÇÃO para ALFABETIZAR
Escolhi falar esta semana sobre educação já que o Dia Nacional da Alfabetização é comemorado no dia 14 de novembro. Esta data foi instituída em homenagem à criação do antigo Ministério da Educação e Saúde Pública, em que um de seus objetivos era promover o fim do analfabetismo no país.
O estado de São Paulo, pelo jeito, não está empenhado em promover o fim do analfabetismo. Isso porque há 20 anos nossas crianças, jovens e adultos tem de engolir o jeito Tucano (PSDB) de educar e alfabetizar.
Um jeito relapso, descomprometido e que vem acarretando uma realidade cruel a nossa população. Estamos formando analfabetos funcionais. As provas são apenas ilustrativas em um sistema que não cobra do aluno. Ninguém repete de ano. Alunos com dificuldades de aprendizagem ou mesmo os que não se dedicam para valer, acabam passando sem saber o conteúdo das disciplinas.
No início deste ano, foi divulgado o 11° Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A taxa de analfabetismo entre pessoas com 15 anos ou mais no país é 8,6%, totalizando 12,9 milhões de brasileiros, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011.
Infelizmente a taxa de analfabetismo continua demasiado alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. Vale ressaltar que o conceito de analfabetismo mudou muito nos últimos anos. Em 1958 a UNESCO definia como analfabeto um indivíduo que não consegue ler ou escrever algo simples. Vinte anos depois, adotou o conceito de alfabetismo funcional. É considerada analfabeta funcional uma pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever frases simples, não possui as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia-a-dia e se desenvolver pessoal e profissionalmente.
O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), mostra que avanços no nível de escolaridade da população não têm correspondido a ganhos equivalentes no domínio das habilidades de leitura, escrita e matemática. Somente um em cada 4 brasileiros domina plenamente as habilidades de leitura, escrita e matemática. E apenas62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio completo são classificadas como plenamente alfabetizadas.
Por isso temos de ter o compromisso de cobrar e batalhar para que esse jeito de educar, principalmente no Estado de São Paulo, seja revertido. De que adianta ter gente na escola ou faculdade, para não aprender? Que futuro queremos?
Arlei Medeiros
Presidente PSoL Campinas
Coord. Observatório de Gestão Pública do Trabalhador