CUBA: desafios e perspectivas
O cubano Ramon Cardona, secretário da Federação Sindical Mundial (FSM) na América Latina e Caribe, e integrante da Central de Trabalhadores de Cuba (CTC), veio ao Brasil a convite da Intersindical (Central Sindical) para participar do encontro nacional nos dias 27 e 28 de fevereiro em Valinhos. Aproveitando a visita, ele se dispôs a conversar sobre Cuba, país que tem uma história importantíssima nas conjunturas política e econômica mundial. O encontro foi no Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas.
O debate teve a participação de Arlei Medeiros, diretor dos Químicos Unificados e coord. do Observatório de Gestão Pública do Trabalhador, do vereador Paulo Bufalo (PSoL Campinas), da socióloga e coord. do Instituto Voz Ativa, Marcela Moreira, do coord. Nacional da Intersindical Ricardo Saraiva “Big” e do presidente do Congeapa, Rafael Moya. Além dos e estudantes, trabalhadores e profissionais liberais que fizeram muitas perguntas à Ramon.
Ramon Cardona iniciou dizendo que: a FSM agrupa todos aqueles que defendem de verdade aos interesses dos trabalhadores. A Federação Mundial tem um plano internacional de defesa dos direitos dos trabalhadores e forma um destacamento de vanguarda com representantes sindicais. O capitalismo precisa de lucro a todo custo para sobreviver. Para isso, tem que explorar os trabalhadores cada vez mais vigorosamente. Como consequência, poucos detêm muitas riquezas e milhares têm pouca renda. O resultado é desemprego mundial. Na Espanha 50% estão desempregados, o mesmo acontece na Itália, Portugal, Grécia, América Latina.
Temas como América Latina, programa Mais Médicos, a educação em Cuba e a construção do Porto de Mariel em parceria com o Brasil, foram debatidos. Cardona ressaltou que é errônea a ideia de que o Brasil deu dinheiro a Cuba. “ Foi feito um convênio e Cuba vai pagar ao Brasil. Não é um “regalo”. O porto é fundamental para o desenvolvimento de Cuba”, disse Ramon.
Bloqueio ainda existe, relações Cuba X EUA e América Latina
Cardona fez questão de frisar que o bloqueio é um genocídio, não existe nenhum outro no mundo que durou 53 anos. A vontade de negociar dos norte-americanos é bem-vinda. Mas o que se está fazendo é mudando a tática, mas mantendo a estratégia. A estratégia continua sendo destruir a soberania e a liberdade conquistada pelo povo cubano após a revolução socialista.
“Os ianques (norte-americanos), para dizer que o bloqueio acabou, facilitaram a entrada de produtos cubanos, mas apenas aqueles que foram produzidos por setores privados. No entanto, os produtos produzidos pelo estado cubano estão proibidos, com objetivo de incentivar a privatização e destruir o Estado Socialista de dentro para fora. A abertura das relações diplomáticas é outra tática para estar dentro de Cuba e tentar minar a soberania. Porém o povo cubano está preparado para enfrentar essa manipulação”, encerra Cardona.