E em Campinas? Qual sua avaliação sobre o governo de Jonas Donizette (PSB)?

É a montanha que pariu um rato.  A expectativa era grande, mas se resumiu à velha política clientelista. Saúde e educação pioraram, com o agravante da dengue, doença da pobreza, da desorganização, da falta de planejamento sanitário. E continua com nível baixo da avaliação das escolas. É inexplicável.  O transporte coletivo piorou, com retirada de cobradores, passagens caras e subsídios altos para as empresas. A mobilidade urbana passa a cada dia a ter mais relevância. Saúde, educação e transporte são as coisas principais que precisam de mudanças e que só pioraram. O resumo da ópera do governo Jonas é um governo clientelista, que se sustenta nas autarquias, é a velha política.

E como sr. vê esse avanço conservador de 2015 em todas os níveis? Na esfera municipal, lei que tenta impedir a discussão de gênero na cidade; no âmbito estadual a proposta de fechamento de escolas mantendo 40 alunos por sala de aula e na esfera federal a ascensão de Eduardo Cunha e os projetos conservadores?

Acredito que seja um processo cíclico esse avanço conservador. Durante uma década e meia, a América Latina promoveu avanços e agora há um recuo. Os governos foram bem sucedidos no início, mas foram constantemente atacados pelas elites e pela mídia. E agora não estão respondendo aos anseios da população. Há uma disputa ideológica entre esquerda e direita que não é só econômica, é uma disputa cultural, social, de comportamento, de consumo etc.  A situação de crise leva ao questionamento de que existe uma saída à direita e os conservadores vão ganhando confiança. Mas logo a população vai perceber que é uma enganação. O que precisamos é de mais liberdade e de mais democracia. (Carta Campinas)