Maringoni do PSoL faz campanha em Campinas
O candidato ao governo do Estado de São Paulo pelo PSoL, Gilberto Maringoni, esteve em Campinas nesta sexta-feira (25/07). Ele veio participar da plenária de lançamento da candidatura do Arlei, presidente do partido na cidade, para deputado federal. Durante o dia reuniu-se com militantes e deu uma série de entrevistas à imprensa.
Gilberto Maringoni é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC, doutor em História, jornalista e cartunista. Tem longa trajetória de militância na esquerda, exerce papel fundamental na luta pela democratização dos meios de comunicação e trabalha pela não criminalização dos movimentos sociais.
O PSoL entra fortalecido nestas eleições?
Maringoni– Claro que sim. Somos o único partido de esquerda que tem posições claras para que as mudanças ocorram efetivamente. Temos nossa candidata à presidência, a Luciana Genro, nossos candidatos a deputado estadual e bons candidatos a deputado federal. Eu mesmo vim à Campinas prestigiar o lançamento da candidatura do companheiro Arlei que tem uma história de luta pelos direitos trabalhistas. Arlei, se eleito, será um representante importante no Congresso, para a classe trabalhadora.
Quais suas principais propostas de governo?
Maringoni – É preciso mudar a gestão do Estado. Vinte anos de PSDB no governo serviram para privatizar empresas e serviços, como os de energia, ferrovias, estradas, bancos, siderúrgicas e até mesmo metade da Sabesp. O que temos são ineficiência e preços caros. É preciso retomar o controle público sobre esses setores.
O que hoje, na sua opinião, é imprescindível mudar?
Maringoni – O excesso de interesses privados funcionando no interior do poder público. Precisamos de um Estado democrático, transparente e que atenda à população.
Para a educação, qual a melhor saída?
Maringoni – Aumentar verbas, retomar a prática de concursos para a efetivação de professores e melhorar a qualidade. No que toca à nossas três universidades públicas, aumentar os repasses de ICMS de 9% para 11,5%.
O metrô hoje, grande vertente do transporte paulistano, atende como deveria?
Maringoni – São Paulo, desde 1972, construiu 75 quilômetros de metrô. Foram 56 quilômetros até 1991 e 19 de lá até hoje. Ou seja, no período tucano, a expansão desabou. Estudos internacionais recomendam 30 quilômetros de metrô para cada milhão de habitantes. Assim, São Paulo deveria ter no mínimo 330 quilômetros de linhas.
E na saúde a população vive um drama. Como mudar essa realidade?
Maringoni – O principal gargalo refere-se à extensão insuficiente da rede pública. De acordo com levantamentos da própria Secretaria de Saúde do Estado, há uma carência de quase 60 mil servidores. A maior defasagem é para enfermeiros. Faltam cerca de 16 mil. O número de médicos também apresenta uma carência de cerca de 8 mil. Nosso sistema estadual sofre do mesmo problema que a área padece no plano federal: o não estabelecimento de fronteiras nítidas entre as esferas pública e privada. O Brasil definiu, na Carta de 1988, um modelo universal e eficiente de atendimento em vários níveis, o Sistema Único de Saúde. No entanto, parcela expressiva de seu orçamento, tanto no plano federal quanto estadual, é destinado ao sistema privado.
Sua candidatura pode ser considerada estratégica?
Maringoni – É preciso ver para quem. Ela busca responder demandas atuais que julgo não serem atendidas pelas grandes postulações. Ela busca ir à raiz dos problemas do Estado. Desse ponto de vista, ela tem uma estratégia popular.
Por que você decidiu aceitar ser candidato? Se sente preparado para ser governador do Estado?
Maringoni – Fui insistentemente convidado por companheiros e amigos. Não era minha intenção há três ou quatro meses. Mas decidi e acho que posso contribuir com o debate e com a Coligação Frente de Esquerda (PSoL-PSTU). Eu acho que qualquer cidadão ou cidadã com discernimento e bom senso está preparado para dirigir o Estado.
Se fosse para assumir hoje, qual sua primeira ação?
Maringoni – Buscar resolver a questão do abastecimento de água. Ele não seria resolvido em quatro anos, mas é preciso começar. Assim, a primeira coisa a se fazer é buscar aumentar a força do poder público, com o objetivo de reestatizá-la.
O Estado de S.Paulo para entrar no eixo precisa de quais mudanças efetivas e urgentes?
Maringoni – Desprivatizar o Estado, rever as parcerias público privadas, reestruturar a polícia e fazer uma auditoria no metrô e na CPTM, possíveis focos de corrupção.
Qual sua mensagem para a população de São Paulo?
Maringoni – Vou repetir uma frase de Berthold Brecht: “Nada pode ser impossível de mudar”.
Ouça a entrevista de Maringone à CBN Campinas
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