Tudo em Campinas pode ser privatizado a começar pela sua saúde

Tudo em Campinas pode ser privatizado a começar pela sua saúde

Fonte: Observatório de Gestão Pública do Trabalhador

A saúde de Campinas está na UTI. São graves os problemas estruturais, de gestão, e falta investimento. O governo de Jonas Donizette (PSB) opta por não investir na saúde, sucateia todo o sistema, para assim, justificar a entrega de hospitais para a iniciativa privada. Já foi publicado no Diário Oficial em 12 de março o edital de privatização da farmácia e área de suprimentos do Hospital Municipal Mário Gatti.

A desculpa é de que haverá melhorias mas, na verdade, se observarmos experiências parecidas, sabemos que a privatização favorece apenas as empresas que colocam os os pacientes e hospitais em segundo plano.

Temendo a publicação deste edital os trabalhadores do Mário Gatti há dias têm se mobilizado e feito protestos. Durante os dias 09, 10 e 11 de março, para chamar a atenção da imprensa, poder público e da população em geral, eles decidiram não fazer horas extras. Profissionais de todas as áreas do hospital afirmam que a situação é grave, vários setores trabalham no limite, com equipamentos sucateados e se mostram contra a terceirização da farmácia e consequente privatização dos demais setores como alternativa à crise instaurada.

hospital

A pedido da Comissão de Saúde da Câmara, no dia 11 de março, o presidente do Hospital Mário Gatti, Marcos Eurípedes Pimenta, foi convidado a esclarecer aos parlamentares e público presente, o porquê do processo de terceirização da farmácia e da instalação do ponto eletrônico no hospital. O fato é que Pimenta fez uma apresentação institucional do hospital e pouco falou sobre esses dois temas. Pimenta somente afirmou que a terceirização da farmácia da unidade hospitalar e a adoção do ponto eletrônico são duas medidas irreversíveis. A população, médicos e outros profissionais de saúde que foram à Câmara, praticamente não tiveram tempo para fazer perguntas ao presidente do Mário Gatti.

Segundo o Conselho Municipal de Saúde, o ponto eletrônico vai impor uma nova jornada de trabalho, menos flexível e que pode acarretar consequências na prestação dos serviços que não funcionam dentro de uma grade horária fixa. Além disso, o Conselho não foi ouvido sobre essa mudança e acredita que a garantia de direitos como o pagamento de horas extras, não está assegurado com esta medida.

mariogatti

A posição do governo é tão autoritária a favor das privatizações que no dia(11/03), Jonas Donizette (PSB) enviou para a Câmara de Vereadores um projeto de lei que autoriza a administração municipal a terceirizar serviços nas áreas de saúde, cultura e esportes. A proposta, que deverá ser analisada em regime de urgência já está dando o que falar no legislativo Campineiro. Ela irá adotar as OSs (Organizações Sociais), entidades privadas para desenvolverem projetos que hoje são estritamente de responsabilidade do poder público. Em Campinas, o projeto das OSs já funciona no Hospital Municipal Ouro Verde que é administrado pela entidade privada SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina).

Vale destacar que em pouco tempo o Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DENASUS) constatou várias irregularidades no convênio entre a Prefeitura de Campinas e a SPDM. Segundo o relatório, a mais grave irregularidade é que a empresa SPDM recebeu indevidamente R$ 1.299.991,41 da prefeitura, utilizados fora do objeto do convênio (ex: hospedagem, jardinagem, locação de veículos) ou pagos fora da vigência dele.

No Brasil temos vários exemplos de hospitais terceirizados e a realidade é que a entidade sempre fica aquém do que poderia atender e profissionais se sentem desvalorizados. Será que a administração de Campinas não pesquisou isso antes de “vender” nossos hospitais? Ao que tudo parece os interesses financeiros por detrás dessas transações milionárias tem falado mais alto.

Se Campinas for realmente ter hospitais, cultura e a área de esportes privatizados podemos esperar sempre menos. Afinal uma empresa sempre administra algo visando o lucro em primeiro lugar e não prima pela qualidade dos serviços e satisfação do público. Essa medida do governo Jonas (PSB) acarreta na desvalorização do bem público, que é de todos nós, dificulta a geração de empregos e piora a qualidade na prestação dos serviços. Jonas Donizette tem se mostrado um prefeito privatizador, para infelicidade da população.

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