DENGUE ARRASA CAMPINAS: 63 MIL CASOS EM 2015
Por falta de investimento em políticas públicas e de prevenção de combate à dengue, Campinas tem a maior epidemia da sua história.
Campinas tem sido destaque nacional e Internacional de epidemias de dengue nos últimos anos:
Casos de dengue em Campinas
2012 – 981 positivos
2013 – 7009 positivos
2014 – 42.400 positivos
2015 – 63.291 positivos (até agosto)
Fonte SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação
O Combate à Dengue é de responsabilidade dos órgãos públicos e da conscientização da população.
Em Campinas um dos grandes problemas foi a não retirada de entulhos de casas de área de risco derrubadas em várias regiões da cidade, como por exemplo, no Jardim Florence.
O mosquito da dengue (aedes aegypti) se reproduz em qualquer lugar que houver condições propícias (água parada limpa ou pouco poluída). Quando há lixo nas ruas ou entulhos com água parada, estes locais se tornam criadouros dos mosquitos. É obrigação da Prefeitura limpar a cidade e evitar esses criadouros.
Outra tarefa da Prefeitura é dar condições de trabalho para a Secretaria de Saúde combater a dengue, contratando agentes de controle ambiental e agentes comunitários de saúde. Ambas as equipes estão defasadas há anos no município. A situação se agravou coma demissão dos profissionais do Cândido Ferreira.
São esses agentes que fazem um trabalho de casa em casa identificando e eliminando os criadouros e orientando a população de como evitar a dengue.
Além de contratar estes profissionais a Prefeitura tem que criar infraestrutura para recebê-los. Reativar as “casas da dengue” locais de base para a ação de combate à doença. Por anos funcionou muito bem e conseguiu controlar a doença.
JOGAR SOBRE A POPULAÇÃO A RESPONSABILIDADE DA EPIDEMIA É UMA IRRESPONSABILIDADE PÚBLICA QUANDO ESTAS CONDIÇÕES NÃO ESTÃO DADAS EM UM MUNICÍPIO.
O trabalho dos agentes é de conscientização da população para a tomada de medidas de fundamental importância para a redução desta doença em Campinas e no mundo, a saber:
– Não deixar água parada em pneus fora de uso. O ideal é fazer furos nestes pneus para evitar o acúmulo de água;
– Não deixar água acumulada sobre a laje de sua residência;
– Não deixar a água parada nas calhas da residência. Remover folhas, galhos ou qualquer material que impeça a circulação da água.
– A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixar estas vasilhas sempre secas ou cobri-las com areia;
– Caixas de água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem vedadas. O mesmo vale para poços artesianos ou qualquer outro tipo de reservatório de água;
– Vasilhas que servem para animais (gatos, cachorros) beber água não devem ficar mais do que um dia com a água sem trocar;
– As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidade recomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e permanecer sempre secas;
– Garrafas ou outros recipientes semelhantes (latas, vasilhas, copos) devem ser armazenados em locais cobertos e sempre de cabeça para baixo. Se não forem usados devem ser embrulhados em sacos e descartados no lixo (fechado).
– Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada;
– As bromélias costumam acumular água entre suas folhas. Para evitar a reprodução do mosquito, o ideal é regar esta planta com uma mistura de 1 litro de água e uma colher de água sanitária.
Sempre que observar alguma situação (que você não possa resolver), avisar imediatamente um agente público de saúde para que uma medida eficaz seja tomada.
Precisamos discutir a dengue nos nossos centros de saúde, nos conselhos locais, distritais e municipal de Saúde e juntos pressionar a Prefeitura Municipal a cumprir o seu papel no controle à epidemia. Precisamos também acionar a Câmara Municipal de Vereadores para cumprir o seu papel de fiscalização do poder executivo que não vem cumprindo com as suas obrigações. Enquanto cidadãos, cabe-nos ajudar a conscientizar a população das medidas necessárias para eliminar os criadouros de Aedes Aegypti em um trabalho integrado entre movimentos sociais, associações de bairros, escolas, universidades e igrejas, e assim, voltar ao controle desta doença que hoje assola nossa cidade.
Breve Histórico da Dengue
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda causada por um vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Atualmente, ela é considerada um dos principais problemas de saúde pública de todo o mundo.
Existem quatro tipos de dengue, já que o vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4.
Essa doença é conhecida no Brasil desde os tempos de colônia. O mosquito Aedes Aegypti tem origem africana. Ele chegou ao Brasil junto com os navios negreiros, depois de uma longa viagem de seus ovos dentro dos depósitos de água das embarcações.
O primeiro caso da doença foi registrado em 1685, em Recife (PE). Em 1692, a dengue provocou 2 mil mortes em Salvador (BA), reaparecendo em novo surto em 1792.
Depois dos programas de controle implantados desde 1903, chegou-se a considerar a dengue uma doença erradicada no Brasil em 1957. Mas em 2006 ela voltou a aparecer em 2006 e manifestou-se com força total em 2008.
O mosquito da dengue (Aedes Aegypti) é o vetor de doenças graves, como o dengue, Chikungunya e vírus Zyca, por isso, o controle de sua reprodução é considerado assunto de saúde pública.
Texto: Gerardo Melo -Metalúrgico, Militante dos Movimentos Sociais e membro do Conselho Municipal de Saúde de Campinas.